Amalilo: O Homem das Mil Mãos sobre um Batuque que Projectou o seu Destino

No meio do histórico bairro Ngame, no Distrito de Mandimba, um eco insurdecedor transformou‐se em vida e escalou ritmo, contando estórias das comunidades. 𝐀𝐦𝐚𝐥𝐢𝐥𝐨 𝐌𝐮𝐬𝐬𝐚 𝐉𝐮𝐦𝐚 no meandro das artes conhecido simplesmente por Amalilo, das suas mãos, cada batucada revela segredos que apesar dos seus 37 anos de carreira, ainda tem muito por contar.

O Mestre Amalilo, fez do batuque a sua escola e do tempo, seu maior professor, carregando nos braços a fusão e o peso do ritmo ancestral, batendo o couro como quem conversa com os antepassados. Aos 23 anos, quando pela primeira vez seu batuque aterrou em Lichinga, percebeu algo novo: o nome que habituara ser somente seu, pertencia também às comunidades, aos amantes da música e dança tradicional.

Hoje, Amalilo é mais do que um artista. É um símbolo de união, é uma referência viva de Mangandje, das estórias das comunidades, da voz e da resiliência, cujo segredo reside nas mãos e na força de vontade. Como um digno embaixador das artes, das raízes e tradições de Niassa, Amalilo vem ensinando aos demais o seu ofício no intuito de deixar o seu legado para que o batuque não morra quando suas mãos se cansarem.

Com um repertório cheio de estórias, o batuque levou Amalilo a diversas paragens, quebrando barreiras e trilhando outros caminhos, numa trajectória que não caberia em nenhuma imaginação. O assento na Assembleia Municipal de Mandimba, as  paredes que sustentam o seu lar nos 37 anos dedicados à cultura, são disso exemplo, embora, a memória de cada batucada dada por figuras de renome (Presidente Filipe Nyusi e o actual Presidente da República) durante suas actuações pelos cantos do país, lembre o rio ou nuvem por si atravessada, em busca de sonhos eternos.

Em contacto com a 𝐑𝐄𝐕𝐈𝐒𝐓𝐀 𝐔𝐏𝐈𝐋𝐄, quando avalia a própria carreira, Amalilo não fala de glória vazia, mas de uma vida marcada de momentos tatuados e eternizados nos anais de diversas páginas da história, como o homem de batuque de múltiplos ecos. Seu batuque, hoje, viaja por vários destinos, ampliando as estórias de Niassa para o mundo.

Com humildade, ele agradece, reconhece e exorta apoio às artes, e persistência nos sonhos, que o caminho não é fácil:

“Nenhuma casa começa de cima, mas sim da base e vai subindo aos poucos até chegar ao tecto.” apontou.

Foi assim que Amalilo construiu a sua história de baixo para cima, com paciência, resistência e amor pela arte. A arte tornou- o grande, mas foi o ritmo e a verdade do batu